Em Memória dos Heróis da Revolução Constitucionalista de 1932

segunda-feira, 4 de junho de 2012

UMA AVENTURA NA MANSÃO DOS ADEPTOS ROSA-CRUZES

Nos idos de 1949, por meio da editora “O Pensamento”, o “Círculo Esotérico da Comunhão do Pensamento” ofereceu aos seus membros o livro intitulado de “Uma Aventura Na Mansão Dos Adeptos Rosa-Cruzes”. Uma obra escrita pelo Doutor Franz Hartmann – um renomado médico e ocultista alemão que viveu de 1838 a 1912 –; que, em 1887, publicou-a.
Todavia, esse texto seria um dos tantos que tanto a Ordem de Thule como a Sociedade Vril influenciou.
Dado que sua trama transita no sul da Bavária, na Alemanha. Em um longínquo local, dentre os Alpes, onde há uma misteriosa mansão. E é narrado na primeira pessoa. Assim, levando ao leitor os mecanismos que lhe possibilitem se concentrar no espectro sensorial do protagonista.
Nos moldes do que ocorre no filme de 1999, dirigido por Spike Jonze, cujo nome é “Quero Ser John Malkovich”. Em que algumas personagens têm acesso à consciência de Malkovich. E, dominando seu arbítrio, se valem de sua vida para se libertarem de alguns traumas.
Ademais, durante o desenvolvimento da história, a ideia de que a reencarnação serve de filtro para a energia vital – como é apregoado pela “Doutrina Espírita” – é rechaçada. Pois é defendida como um fenômeno que favorece seu beneficiado com a possibilidade de dar continuidade a um trabalho que fora interrompido pelas limitações da matéria. Com o fim de que continue influindo na evolução da humanidade.
Mas isso não seria um devaneio interpretativo?
Não! Tanto que o “Culto Muçurim” – uma vertente islâmica que se perdeu dentro da Umbanda – tinha como “Sacerdote” a figura do “Oloegum”. Oloegum que, por sete anos, após o falecimento de um prosélito, ministrava cerimônias em favor da alma do cujo. A fim de que não se esvaísse o elo vibracional que o atrelava ao plano material. Então, depois da derradeira cerimônia, guardava os bens do defunto para lhe devolver no dia em que reencarnasse. Para que o dito apto estivesse a dar prosseguimento à sua sina.
Tal qual ocorreu com “Thupten Gyatso”, o “Décimo Terceiro Dalai Lama”. Em um lapso do tempo que foi preenchido com um “déjà vu” do que com “Trinley Gyatso”, seu antecessor, se sucedeu. Ora que, depois da sua morte, o esmiuçar de certos códigos levou uma comissão de monges ao local de sua reencarnação. Indo de Lhasa à vila de Takser, na província de Amdo, através do território tibetano. Onde encontraram um menino de três anos. Ao qual lhe apresentaram uma miríade de objetos. Dentre os quais ele pegou os que lhe pertenceram na outra encarnação. Confirmando sua identidade. Visto que uma criança é capaz de reconhecer as peculiaridades da vida anterior. E, assim, o guri se tornou “Tenzin Gyatso”, o último líder espiritual do Tibet.

Cartaz Oficial do Filme "Quero Ser John Malkovich"


Dr. Franz Hartmann


Uma Aventura Na Mansão Dos Adeptos Rosa-Cruzes



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sexta-feira, 11 de novembro de 2011

DE JERUSALÉM A LONDRES – PARTE 6

Nos idos de 1956, em cinemascope, estreou “Os Dez Mandamentos”. Um longa-metragem dirigido e produzido por Cecil B. DeMille. Com Charlton Heston no papel de Moisés. Protagonizando um dos maiores engodos da história. Ou, para os judeus, o clímax do “Livro do Êxodo”. Quando, no Monte Sinai, Moisés recebeu as leis de Deus.
Todavia, em 2006, lançado foi o documentário “Êxodo Decodificado”. Que foi dirigido por Simcha Jacobovici. O qual estima o ocorrido em torno do ano 1500 a.C.
No ano de 1901 d.C., o arqueólogo Jacques de Morgan, ao fazer escavações em Susa, no Irã, encontrou uma estela que, hoje, está exposta no Museu do Louvre, em Paris. Toda adornada pelo texto que foi discriminado como o “Código de Hammurabi”.
Um compêndio de 282 leis. Que Hammurabi sancionou, com o fim de gerir seu povo. Dado que, de 1792 a 1750 a.C., o sexto Rei da primeira dinastia que governou a Babilônia ele foi.
Doravante, muitas dessas leis estão entre as 613 que Moisés disse terem sido traçadas pelo dedo de Deus. E que, no “Sefer Hamitzvot” (o “Livro dos Mandamentos”), de autoria de Mosheh Ben Maimon, vulgo Rambam, ou Maimônides, relidas são por meio de uma lógica lúdica. Otimizando o intento de Moisés; o de delinear uma cultura. Ao associar 248 das leis aos membros do corpo humano. Como conceitos concernentes ao ato de orientar uma ação em prol de uma reação positiva. Depois, relacionando as outras 365 com os dias do ano. A fim de, diariamente, evitar qualquer reação nefasta ao afastar alguma ação ruim.


Estela que Contém o Código de Hammurabi


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terça-feira, 27 de setembro de 2011

10ª EMENDA

Em 1787, criada foi a Constituição dos Estados Unidos da América. Que foi sendo ratificada, à medida que os Estados aderiam à União.
A fim de evitar uma interpretação propositalmente errônea da mesma, em 1789, o congresso redigiu a “Carta de Direitos”. Com dez emendas que, em 1791, foram aprovadas e aplicadas ao texto.
Contudo, ela tem um fim que se estende para além de um simples arremate. Pois possui um viés cabalístico. Já que cada qual de suas emendas está em consoante com as dez esferas que compõe a Árvore da Vida.
Assim, à base do diagrama místico, há a esfera do “Reino” – que equivale ao plano material. E, por ser a décima, está conceitualmente ligada à “Décima Emenda”. Ora que a mesma estabelece: “Os poderes não delegados aos Estados Unidos pela Constituição, nem proibidos por ela aos Estados, são reservados respectivamente aos Estados ou ao povo”. E se baseia na crença de que sua sociedade detém mecanismos intelectuais particulares e desenvolvidos. Por isso, suas decisões não representam uma ameaça à própria sobrevivência; e sim, a comprovação de uma autossuficiência.
Essa estratégia – de guiar um povo por meio de uma lei de cunho esotérico – é uma reedição dos “Dez Mandamentos”. Tanto que o “Décimo Mandamento” diz: “Não cobiçará a casa de seu próximo; não cobiçará a mulher de seu próximo, nem seu escravo, nem seu boi, nem seu jumento e nem nada do que lhe pertence”. E trata da obtenção da autossuficiência por meio do autoconhecimento. Não condicionando o sucesso ao êxito alheio. Dado que essa glória resulta das aventuras e desventuras inerentes a uma existência alienígena.
A dependência de uma referência externa é externada na “Décima Praga” que assolou o Egito: “O Extermínio dos Primogênitos”. Porque ela aborda a instituição do caos, ao tratar da destituição do “Direito de Primogenitura”. Uma norma provinda dos tempos imemoriais. E que confere ao primogênito uma preferência em relação à liderança e à herança familiar. Sem a qual, se atiça a cobiça dos interessados.
Ademais, com o fim de que, na rota que ruma ao futuro, a humanidade não se perca devido à “inassimilação” da história, as “Pedras Guias da Geórgia” – elaboradas por membros da Rosacruz – apresentam um “Décimo Mandamento Contemporâneo”: “Não ser o câncer da Terra – Deixar espaço para natureza – Deixar espaço para a natureza”. Um texto que trata da real responsabilidade do homem. De não abusar da paciência de outrem. Seja para o que se entenda como o “bem” ou àquilo que se qualifique como “ruim”. Apenas se ocupando com a própria sobrevivência.
Doravante, a independência existencial de uma pessoa depende da sua personalidade. Daquilo que o individualiza. Ou seja, um patamar em que se estabilizam as quatro forças que regem a vida: a razão, a intuição, a emoção e o materialismo.
Assim, ao fiar a ideia de que essa é a via viável para regressar à Divindade, os pais da nação norte-americana – os mestres maçons –, de forma lúdica, uniram o material ao espiritual e transformaram a vida em um eterno ritual. Em que, consciente ou inconscientemente, cada cidadão se equilibre. E faça dos “Estados Unidos” uma nova “Jerusalém”. Ou, pretensiosamente pensando, uma nova “Atlântida”.
O que faz o seu patriotismo ser um ato litúrgico. Mantendo a verve religiosa ativa no DNA das novas e novíssimas gerações. Ao, assim, moldá-las por meio de um arquétipo que entendem como um “estilo de vida”.
E, por isso, a “colonização cultural” que perpetram – a qual os “Teóricos da Conspiração” chamam de “americanização” – nada mais é do que uma “consagração”. Dado que o norte-americano coloca tudo o que toca em sua frequência energética.
Ademais, a esfera do “Reino” recebe todo tipo de influência das outras esferas que compõe a Árvore da Vida. Uma gama de emanações que convergem e divergem de forma vibrátil, à medida que atuam sobre os quatro elementos – o ar, o fogo, a água e a terra. Porém, não no campo material. Apenas no aspecto energético. Equilibrando-os e os desequilibrando, até que seja possível ao virtual se tornar real.
Todavia, não se pode separar o real do virtual. Já que o visível é o manto do invisível. E é o estado de energia que gera um padrão de personalidade.
Então, por aproximação, a esfera da “Fundação” é a estrutura da do “Reino”.
Doravante, o “Nono Mandamento” diz: “Não levantará falso testemunho contra seu próximo”. Afastando o bem de outrem da zona do desejo. Não permitindo que o sistema nervoso central se programe com a sugestão de que depende de algo que não seja o próprio talento para existir.
Enquanto a “Nona Emenda” esclarece: “A enumeração de certos direitos, na Constituição, não deverá ser interpretada como a recusa ou o denegrir de outros direitos inerentes ao povo”. Tentando coibir o impulso de se dobrar para a direita ou para a esquerda e, assim, entrar na espiral do silêncio.
Ademais, o cultivo de um pensamento produtivo é o que importa. Já que isso evita o desperdício de tempo. E crava um cisma entre o “sonhador” e o “visionário”.
Agora, embora, conscientemente, apenas o “visionário” tenha noção de tal propósito, inconscientemente, o subconsciente do “sonhador” o situa em relação ao fato de que todo parasita é um antirreligioso.
Por isso, o “Texto Yetzirático” classifica a “Décima Esfera” como “Inteligência Resplandecente”. Visto que é onde se ilumina o esplendor de todas as luzes. Ou aquilo que ela revela. Pois a vista não capta mais do que um reflexo daquilo que a matéria realmente é. Um obstáculo ao trajeto da luz. Algo que, por se tratar de um mundo escuro, faz com que toda contemplação seja a apreciação de uma sugestão subjetiva.
E, portanto, um “Disco Voador” poderia cruzar o céu de São Paulo sem ser captado pelo espectro óptico. Bastando estar envolto em uma tecnologia avançada; que converta o seu reflexo em luz ultravioleta.
Sem mais, por via desta visão distorcida, se transita pela mitologia. Que é o meio encontrado para explicar o inexplicável. Mais especificamente, para ver a face de Deus. Ou, pelo menos, colocá-lo em uma frequência compreensível ao homem. O que desemboca nas religiões.
Contudo, longe de um conceito doutrinário que estabelece o que é certo ou errado.
Distante, por exemplo, do trecho da fábula de Cristo que diz: “Jesus lhe respondeu: ‘Eu sou o caminho, a verdade e a vida; ninguém vem ao Pai, senão por mim’”. Dado que o retorno à Divindade é uma verdade. Só variando quanto ao itinerário. Que, pela via Cristã, é mais morosa. Pois passa por um intermediário.
Ademais, o “Reino” é o fim do Universo. Onde a principal virtude é o discernimento. Um mérito que se levará para o além-túmulo. Ora que o macrocosmo segue o funcionamento do microcosmo. Que consiste em colocar o caos em ordem.
Algo que o corpo faz ao expelir o que não presta.
Enfim, assim, nesse ponto do Universo, tudo funciona por meio de oscilações. Visto que a estabilidade leva à instabilidade. Aos vícios. Como a avareza e a inércia.
“Inércia” que se traduz em apodrecimento. Donde surgiu o provérbio que diz: “Pedra que rola não cria limo”. Enquanto a “avareza” se transforma em uma espécie de TOC. Ao fazer com que se retenha tudo. Até o que se excretaria.
Por isso é que na música “Aventura de Raul Seixas na Cidade de Thor”, que Raul Seixas compôs e lançou no álbum “Gita”, de 1974, há os seguintes versos: “Buliram muito com o planeta / O planeta como um cachorro eu vejo / Se ele não aguenta mais as pulgas / Se livra delas num sacolejo”.



Constituição dos Estados Unidos da América - Página 01


Constituição dos Estados Unidos da América - Página 02


Constituição dos Estados Unidos da América - Página 03

Constituição dos Estados Unidos da América - Página 04

Carta de Direitos


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terça-feira, 31 de maio de 2011

DE JERUSALÉM A LONDRES – PARTE 5

Segundo Dion Fortune, o misticismo de Israel forneceu os alicerces do ocultismo ocidental. Dado que os místicos modernos se utilizam de elementos da Cabala em suas ações; embora a maioria não tenha noção disso. Pois a Cabala nunca foi propriedade dos rabinos. Como não esteve sob o monopólio dos sacerdotes egípcios.
Visto que, a partir do Egito, dela derivaram vários segmentos. Dentre os quais está a Ordem exotérica que se transformou na Maçonaria.
Todavia, a Maçonaria ainda carrega os resquícios de sua origem. Principalmente, na disposição da sua Loja. Baseada no Templo de Salomão. E que, por isso, está em consoante com a Árvore da Vida – o diagrama que detém os segredos da Cabala. Pois os seus dez cargos originais estão em acordo com as dez esferas que compõem tal gráfico.
Tudo porque em Gênesis 1:26 consta: “Deus disse: ‘Façamos o homem à nossa imagem e semelhança...’”.
Mas por que Deus se pronunciou na primeira pessoa do plural?
Porque Ele se manifesta por cada uma das dez esferas. Ora que cada qual representa uma potência do Seu corpo. E, em conjunto, no éter astral, geraram o “homem primordial”. Ou “Adão Kadmon”. Que, por meio da evolução das espécies, materializou-se no plano mundano.
Por isso, através da Loja Maçônica, se busca a recriação da frequência original. Com a qual se abrirá um portal. Uma via entre o Criador e a criatura.


Logomarca da Maçonaria



Perspectiva Externa do Templo de Salomão



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sábado, 7 de maio de 2011

A PEDRA DO GÊNESIS

A capa do álbum “A Pedra do Gênesis”, de 1988, comporta uma narrativa com início, meio e fim. Dado que os ícones que a compõe interagem organicamente entre si.
E começa pela imagem de Raul Seixas. Que aparece em uma foto em sépia, da década de 1970. Com um manto estrelado. Uma peça que o caracteriza como um mestre. Como alguém apto a entrar no “Absoluto” – o “Sanctum Sanctorum Celestial”. Ou concluir a primeira etapa de uma jornada rumo à Divindade. Um trajeto que é vulgarmente chamado de “existência”. E é dividido em quatro partes. Cada qual composta por trinta e dois caminhos.
Doravante, Dion Fortune disse que embora não se possa conhecer a natureza Divina, em função dessa distância, se tem ciência de seus feitos em decorrência de se estar dentro do seu campo de influência – ou seja: todo o universo.
Ademais, o processo evolutivo é calculado por meio de um período definido como “tempo cósmico”. Cuja contagem é esclarecida por Moisés no Salmo 9:4: "Porque mil anos, diante de Vós, são como o dia de ontem, que já passou”.
Logo, o manto estrelado equivale a um desenvolvimento estimado em trezentos mil anos Divinos.
Sendo que, por meio deste anacronismo com o tempo terreno, se cunhou dizer que uma pessoa que gera um avanço tecnológico à humanidade está à frente de seu tempo. Quando, na verdade, tal indivíduo apenas sincroniza os planos astral e material.
Enfim, o “Absoluto” é onde se encontra a fronteira entre os planos. Um campo em que há o “nada” ou a “negatividade”. Não no aspecto pejorativo. Porém, no sentido de que é desconhecido a ponto de ser indecifrável. Apenas se sabendo que é através dele que a Divindade se manifesta. Utilizando uma frequência vibratória que se venturou chamar de “Verbo”. E faz toda uma “gramática cósmica” atuar por intermédio do que se entende como “vida”. Como consta em João 1:1: “No princípio era o Verbo, e o Verbo estava junto de Deus, e o Verbo era Deus”.
Na capa do álbum também há o nome do mesmo. O qual é referente à pedra fundamental do segmento judaico-cristão. Cuja história está expressa em Gênesis 28:10-22 – o “Sonho de Jacó”. E trata de uma viagem que Jacó fez de Bersabéia a Harã. Em que pernoitou na estrada. Usando uma pedra como “travesseiro”, a fim de dormir com algum conforto.
Doravante, no simbolismo deste trecho bíblico se encontra a finalidade da religião. Primeiro, por meio da utilização de uma tecnologia em favor da busca por uma melhor qualidade de vida. De uma ferramenta que, ao evitar um torcicolo, tornou a existência do protagonista da trama mais agradável e, consequentemente, longeva. E, em segundo, por meio do sonho – ou daquilo que se interpreta como tal – há a religação com o plano astral. Pois ele viu uma escada que ia do chão ao céu. Por onde várias entidades subiam e desciam.
Todavia, esse relato marcado por um viés ufológico é afamado como “Escada de Jacó”. Alterando o conceito convencional de abismo para a ideia de um espaço entre os espaços. Ou uma existência alternativa que separa o homem de Deus.
Sendo que Jacó encontrou Deus no topo da escada. E Este lhe prometeu a terra em que repousava como espólio.
Ademais, no dia seguinte, Jacó deu um fim à pedra. Ao erigir com ela uma estela. A qual ungiu com óleo e demarcou o local; batizando-o com o nome de Betel – que significa “Casa de Deus”.
Por fim, a pedra não possuía poder algum. Mas sim, o local. No qual havia um portal. Que, em viagem astral, Jacó cruzou. Visto que ele era detentor de uma mediunidade ímpar. E, por isso, pode acordar de uma realidade que se entende como um sonho lúcido para uma verdade adormecida no plano onírico.
Sem mais, outro ícone presente na capa do álbum é o Selo da Sociedade Alternativa. Que é a chave que abre um portal para o outro lado.
Mas qual é o procedimento que fará com que esse “vai e vem” não se transforme em um mero desperdício de tempo?
A resposta está no livro que Raul Seixas abraça. Que é o “Livro da Sagrada Magia de Abramelin, o Mago”. Um manual de magia que Abramelin passou a Abraham Ben Simão, seu discípulo. E que, como herança, o dito entregou a Lamek, seu filho caçula. Ademais, por uma via encoberta de lendas, ele foi traduzido do hebreu para o francês, no ano de 1458, em Veneza, na Itália. Depois, foi transliterado do francês para o inglês por MacGregor Mathers – quem assina o livro da foto –, em 1900.
O ritual de Abramelin é o meio por onde se alcança a Magia Sagrada. Que é parte da Cabala. Já que se utiliza de elementos de tal doutrina para realizar o que se denomina de “Grande Obra”. E que consiste em desenvolver o plano material.
Todavia, em termos, o rito é descrito na Bíblia. Em um trecho da “fábula de Cristo” que é nominado de “Tentações no Deserto”.
Um plágio que tem o propósito de dar um embasamento esotérico à trama.
Por isso, em Mateus 4:1 há a seguinte menção: “Em seguida, Jesus foi conduzido pelo Espírito ao deserto, para ser tentado pelo Demônio”. Um trecho que trata do lado litúrgico do processo de iniciação. Que requer um afastamento do convívio social. Para que a desatenção com os assuntos mundanos não interfiram nos trâmites espirituais.
“Jejuou quarenta dias e quarenta noites” – é o que está em Mateus 4:2. E, infielmente, é referente ao período sinódico de seis meses; prazo em que se desenvolve o ritual.
Em Mateus 3:3-4 há: “O Tentador aproximou-se dele e lhe disse: ‘Se é o Filho de Deus, ordena que as pedras se tornem pães’. E Jesus respondeu: ‘Não só de pão vive o homem, mas de toda palavra que procede da boca de Deus’”. Assim, tocando na parte do texto que está relacionada à invocação de espíritos malignos. Os quais abominam qualquer submissão ao homem. Porém, para isso é que são invocados. Para perverter a autonomia do invocador. Que não cederá ao desbarate, a menos que o queira.
Ademais, em Mateus 4:5-7 consta: “O Demônio transportou-o à cidade santa, colocou-o no ponto mais alto do templo e disse-lhe: ‘Se você é o Filho de Deus, lança-te; pois está escrito: Ele deu a seus anjos ordens a seu respeito: proteger-te-ão com as mãos, para que não machuque o pé nalguma pedra’. E disse-lhe Jesus: ‘Também está escrito: Não tentará o Senhor seu Deus’”. Abordando a interação com o maligno. Ao qual se exalta a glória de Deus e, em virtude dela, o submete à sua vontade.
Então, em Mateus 4:8-10 há o seguinte relato: “O Demônio transportou-o, uma vez mais, a um monte muito alto e lhe mostrou todos os reinos do mundo, a sua glória e disse-lhe: ‘Dar-te-ei tudo isto se, prostrando-te diante de mim, me adorar’. E Jesus respondeu-lhe: ‘Para trás, Satanás, pois está escrito: Adorará o Senhor seu Deus e só a Ele servirá’”. Sem mais, nessa passagem se coloca o maligno em seu lugar. A fim de que ele não atue como um agente da desinformação.
“Em seguida, o Demônio o deixou e os anjos aproximaram-se dele para servi-lo” – registrado está em Mateus 4:11. E fala do “Dia do Senhor”. Quando a fidelidade aos caminhos traçados por Deus leva ao êxito. Como prenda tendo o direito de ver os Santos Anjos. Dentre eles, o “Anjo da Guarda”. Que autoriza à prática da Magia Sagrada. E, junto, se valer de prodígios para executar a Grande Obra. Como curar enfermos, ler os pensamentos ou ressuscitar os defuntos.
O que justificaria o fato de Jesus caminhar sobre a água, transformá-la em vinho e fazer uma miríade de milagres.


Livro da Sagrada Magia de Abramelin, o Mago




A Pedra do Gênesis



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quinta-feira, 16 de dezembro de 2010

DE JERUSALÉM A LONDRES – PARTE 4

O rito do “sangue real”, ou “Sangreal”, chegou ao Mediterrâneo sob a roupagem do “pão e o vinho”. Visto que, conforme trafegou por entre as culturas, moldado foi, em função das viabilidades de cada momento.
Todavia, a sua estrutura sempre esteve calcada no ato de imolar um Rei Sacrifical, extrair-lhe o coração e, com o sangue a escorrer do mesmo, encher um cálice. Do qual se serviam os componentes da tribo em que se realizava o evento. A fim de que contraíssem um elo consanguíneo com o sacrificado. E, fosse aberto um portal, para que ele renascesse entre os seus.
Do outro lado do Atlântico, paradoxalmente, tudo seguiu pela mesma senda.
Tanto que o programa “Globo Repórter”, da Rede Globo, apresentou uma reportagem sobre o “Ritual de Luto dos Ianomâmis”. Feita pelo jornalista Flávio Fachel, na cidade de Maturacá, no estado do Amazonas. Na qual se acompanhou o “Reahu” – a cerimônia dos mortos. Um ritual em que, inicialmente, alguns componentes da tribo inalam o “Paricá” – um pó alucinógeno. Que anestesia o sistema nervoso central e libera a mente do limite imposto pelo espectro sensorial convencional; favorecendo uma interação com o espírito de um recém-falecido. Enquanto o corpo do cujo é cremado. E, dentro de uma cabaça – chamada de “Rixi” –, suas cinzas são misturadas a um “Ripu” – um mingau de banana. Mingau que é consumido por todos os entes da aldeia. Assim, selando um pacto vibracional com o dito. A fim de que, como um mentor, ele seja solícito quanto à busca de uma bem-aventurança.

Reserva Ianomâmi, em Maturacá, no Amazonas
(foto de Adriana Paiva)



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SANGREAL

O que é o Sangreal? Ou o que o Sangreal não é?
A resposta para a segunda indagação está no romance “O Código Da Vinci” – escrito por Dan Brown e publicado em 2003 – ou na sua versão cinematográfica e homônima – dirigida por Ron Howard e veiculada em 2006.
Quanto à primeira pergunta, o “Sangreal”, ou “sangue real”, a priori, é um ritual oriundo da antiguidade. Uma prática religiosa recorrente entre as tribos que se tornariam as nações do ocidente. Na qual, uma menina era escolhida por Sacerdotisas para ser treinada como tal; porém, com a incumbência de se tornar a Virgem Mãe. Virgem Mãe que, aos 16 anos, deveria parir o dono do sangue real. Logo, a decana dentre as Sacerdotisas colhia o esperma dos campeões de sua aldeia – do melhor caçador, do melhor guerreio, do mais sábio, do Rei e por aí ai. Depois, em uma espécie de inseminação artificial, misturava o fluído obtido e o colocava dentro de um chifre. O qual tinha a sua ponta previamente decepada para, como um funil, por uma cavidade, ser introduzido na vagina da adolescente. A fim de que o hímen não fosse rompido. Consequentemente, para o interior da vulva o sêmen era assoprado. E, assim, inda virgem, a garota dava à luz.
Se o rebento fosse menina, a cuja teria a mesma sina da mãe. Agora, se menino fosse, até os 13 anos, ele seria treinado como caçador e guerreiro. Para, então, se juntar a outros colegas de destino. Com o fim de que um deles fosse coroado como Rei. Um Rei Sacrifical. Sem poder político. Para representar o Rei oficial em uma missão. A qual consistia em viver de regalias, até os 33 anos. Idade em que levado era para um culto. Onde ele se entregava à sorte, com a alegria de um viajante de regressa ao lar. Dado que um Sacerdote lhe arrancava o coração de forma indolor. Depois, com o seu sangue enchia um graal. E, seguindo uma ordem hierárquica, o dividia entre os entes da tribo. Um sangue que a realeza bebia puro. E os demais, à medida que se afastavam da condição de nobreza, proporcionalmente, ingeriam-no, diluído em vinho.
Mas por que tudo isso? Primeiro, porque o macho sempre teve a função de ser o mantenedor da tribo. E, tanto na garantia da alimentação como na proteção dos seus, ele colocava a sua vida em jogo. Jogo que o glorificava como o defensor de seu povo. Em segundo, se acreditava na possibilidade de barganhar com a Divindade. E, para tal, uma vida humana era tida como um preço justo. Enfim, em terceiro, unia-se esses dois conceitos. Concedendo, então, ao sacrificado o privilégio de pedir à Divindade para que facultasse a bem-aventurança aos seus. Com boas colheitas, vacas leiteiras e assim por diante. E, também, aproveitar a viagem para aprender tudo o que pudesse. Para, por fim, regressar à tribo. Renascendo em qualquer família. Visto que, se acreditava que todos contraíam um parentesco consanguíneo com ele, em função do sangue ingerido. E, assim, o sacrificado cumpriria a sua missão ao repassar esse conhecimento aos seus convivas.
Contudo, essa prática evoluiu. Dando jus ao provérbio que diz: “Tempo é dinheiro”. Ora que, no sacrifício contemporâneo, o sangue foi substituído pelo único bem que o ser humano realmente tem: o tempo.
Assim, um dízimo diário é dedicado à Divindade. Ao se investir 2 horas e 40 minutos no estudo da Cabala.
Todavia, essa é a concepção moderna do que veio a ser chamado de “Tradição Esotérica Interna Ocidental”. E foi elaborada por William Gordon Gray.
Gray nasceu em Middlesex, na Inglaterra, em 1913. Ainda jovem, ingressou no ocultismo. E, quando servia ao Exército Britânico, se aproveitou de uma viagem ao Egito para se aprofundar no assunto. Em seguida, aprimorou seus conhecimentos ao se tornar membro da Sociedade da Luz Interna. Esta, fundada por Dion Fortune – ex-membro da Golden Dawn.
Contudo, foi na década de 1960 que Gray iniciou a reorganização da “Tradição Esotérica Interna Ocidental”, ao abrir caminho para o que viria a ser denominado de Sociedade Sangreal. A qual adquiriu consistência graças ao desenvolvimento de uma vasta literatura sobre o tema. Que começou, em 1968, quando Gray publicou o livro “Escada de Luzes”. Uma obra aclamada por Israel Regardie – um renomado ocultista e membro da Golden Dawn – como rara e original. Depois, em 1970, ele publicou os livros “Tradições Internas da Magia” e “Rituais Ocultos Sazonais”; em 1971, lançou a obra “Métodos do Ritual Mágico”; em 1974, “A Árvore do Mal”; “O Ritual Correto”, em 1975; em 1976, publicou “Automagia” e “O Rito de Luz: Uma Missa da Tradição dos Mistérios Internos do Ocidente”; “A Árvore que Fala”, em 1977; “Obtenção Completa da Magia: Evocando o Eu Superior”, em 1979; e “Uma Perspectiva do Caminho Interno Ocidental”, em 1980.
No correr do ano de 1980, em parceria com seu discípulo Jacobus G. Swart, em Johanesburgo, na África do Sul, Gray fundou, oficialmente, a Sociedade Sangreal, ao criar o Templo Domine Nos. E deu sequência à sua obra ao estruturar todo funcionamento do Sangreal com a publicação, em 1983, dos livros “Tradição Interna Ocidental (Segmento: Sociedade Sangreal, Volume 1)” e “O Sacramento Sangreal (Segmento: Sociedade Sangreal, Volume 2)”; “Conceitos da Cabala (Segmento: Sociedade Sangreal, Volume 3)”, em 1984; e, em 1986, “Rituais e Cerimônias do Sangreal (Segmento: Sociedade Sangreal, Volume 4)”.
Em 1988, Gray entraria na sua fase literária final ao publicar os livros “O Tarot Sangreal” e “Templo Mágico: Construindo o Templo Pessoal – Portal Para a Tradição Interna (Segmento: Alta Magia da Llewellyn)”; “Bem & Mal: Polaridades do Poder (Segmento: Novo Mundo Mágico da Llewellyn)”, em 1989; “Evocando a Deusa Primordial: O Descobrimento do Eterno Âmago Feminino (Segmento: Novo Mundo Mágico da Llewellyn)”, em 1990; e, por fim, em 1991, lançou as obras “Cultivando a Árvore Interior (Segmento: Novo Mundo Mágico da Llewellyn)” e “A Pedra e o Sabugueiro: Ritual e Inconsciente (Segmento: Novo Mundo Mágico da Llewellyn)”.
Em 1992, William G. Gray faleceu.
Ademais, uma sucessão de “pretensos bem-entendidos” virou um “grande mal-entendido”. Já que, em 1990, quando se aposentou das atividades exotéricas, como cursos e palestras, aos alunos mais próximos – no caso, o sul-africano Jacobus Swart e a norte-americana Marcia L. Pickands – Gray passou a solicitação de que tocassem o trabalho para frente. O que gerou rusgas entre ambos. Ora que cada qual interpretou isso não como o outorgar de uma ordem, mas como o outorgar da Ordem. Algo inviável. Porque o Gray, propositalmente, projetou o Sangreal como um sistema anárquico. Não carecendo de algo além da afinidade e a fidelidade à doutrina para ser seguido. Com cada loja ou adjacente funcionando de forma autônoma. Regida por um “Warden” (um diretor) que zele pelos ensinamentos e nada mais.
Sem mais, ao Brasil, como “Ordem do Sangreal”, a antiga religião chegou, no final da década de 1970. Quando a ocultista Aracy Domingues criou o Grupo Netzach. Posto que, em 1976, ela estivera na Inglaterra. Onde foi aluna de William Gray.
Todavia, o Grupo Netzach funcionou de forma itinerante, até os anos 1980. Quando se estabilizou na Rua João Teodoro, nº 22, conjunto 2, em São Paulo. 
Em 2006, Aracy faleceu.
Contudo, nomeara o Mestre Flávio Gasparino Filho como líder desse segmento do Sangreal.
E, até 2007, no endereço que pertencera ao Grupo Netzach, ele manteve a antiga religião em funcionamento. Com o nome de Loja Prometeu.
Loja Prometeu que, mesmo sem possuir uma sede própria, ainda está na ativa.

Logomarca da Sociedade Sangreal




William Gordon Gray


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sexta-feira, 15 de outubro de 2010

DE JERUSALÉM A LONDRES – PARTE 3

Como base do ocultismo ocidental, a Cabala é entendida como uma herança única. Da qual se usufrui, de acordo com a necessidade. Com isso, segmentando-a, em virtude do enriquecimento causado pelo usucapião de um determinado fundamento seu.
O que resultou, por exemplo, na linhagem em que se busca a Divindade através do equilíbrio entre “caos” e “ordem”. Uma senda que se bifurca na Cabala Luriânica – segundo a visão do Rabino Isaac Luria – e no “Guia Prático do Simbolismo da Cabala” – livro escrito por Gareth Knight, outrora membro da Sociedade da Luz Interior.
Todavia, a validade de uma novidade incide no seu elo com o passado. O caminho evolutivo. Como Dion Fortune definiu: “Apenas uma fé morta não recebe influências do pensamento contemporâneo”.
Assim, pelo viés hebraico, a referência está no trecho bíblico em que Abrão venceu Elazar, rei de Codorlaomor, em um confronto. Um resgate. Posto que Elazar atacara as cidades de Sodoma e Gomorra. Pilhara e escravizara seus habitantes. Dentre eles, Lot – sobrinho do patriarca israelita. Sem mais, após o combate, Abrão foi premiado com o sistema de religação mais avançado de sua época. A cerimônia do “sangue real”. Que viria a ser surrupiada e travestida pelo cristianismo como “o corpo e o sangue de Cristo”. E cujo rito se faz por meio do pão e do vinho. Como consta em Gênesis 14:18-20: “Melquisedeque, rei de Salém e sacerdote do Altíssimo, abençoou Abrão dizendo: ‘Bendito seja Abrão pelo Deus Altíssimo que criou o céu e a terra! Bendito seja o Deus Altíssimo que entregou teus inimigos em tuas mãos!’”


Gareth Knight


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sexta-feira, 17 de setembro de 2010

SELO DA SOCIEDADE ALTERNATIVA

No Egito antigo, a Cruz Ansata era o símbolo da vida. Como “cruz da vida” afamada na era moderna. Visto que a palavra “Ansata” é uma variação do velho vocábulo egípcio “Ankh”; que significa: “vida”.
A priori, ela é personificada como um penduricalho. Já que, como um ornamento, era levada aos ritos religiosos. Pois o círculo, ou a figura oval, que há na sua parte superior, serve como uma alça. Como é externado no Arcano 2 do tarô egípcio. A carta da “Sacerdotisa”. Onde, com a mão destra, junto aos seios, a clériga segura a Cruz Ansata; assinalando o peito como o tabernáculo da existência.
Todavia, a estrutura da peça tem o formato da letra “T”, do alfabeto latino. O qual também é o design antigo da letra “Tau”, do alfabeto hebraico. Sendo que, por uma similaridade sonora com a letra “+”, do antigo alfabeto egípcio, ocorreu uma associação entre a fonética e o formato, e a tal contraiu o conceito de “cruz”, como significado.
A letra “Tau” também é uma representação da queda do plano astral ao físico. Ora que é uma estilização do útero. Com o canal cervical e a cavidade uterina expressos na extensa risca vertical. E os ovários desempenhados pelo acanhado traço horizontal.
Doravante, essa metáfora visual é aproveitada no Arcano 12 do tarô de Arthur Edward Waite. A carta do “Enforcado”. Em cuja ilustração, feita por Pamela Colman Smith, há a alegoria do regresso. Do retorno do Rei Sacrifical. Aquele que, a fim de fazer o que é sagrado, abraçou a morte. E foi para junto da Divindade. De quem recebeu um ensinamento. Para, como um messias, voltar portando o projeto que lhe possibilitasse proporcionar o progresso ao povo seu. Por isso, na carta é latente a ideia do parto. Com a personagem que encarna o “Enforcado” de cabeça para baixo; à beira do nascimento. Tendo a sua cuca iluminada pela luz do conhecimento. E a corda, que o sustenta pela perna, como o cordão umbilical a ser rompido em prol da humanidade.
Sem mais, como um signo da vida, a Cruz Ansata representa a força das dez esferas que compõe a Árvore da Vida. Ou seja, é um canalizador e catalisador das dez frequências energéticas emanadas por Deus.
No passado egípcio, havia dois rituais: o do “Templo Maior”, aberto ao público, e o do “Templo Menor”, restrito aos sacerdotes. Sacerdotes que se valiam da Cruz Ansata como uma antena. Com o fim de sintonizar as oscilações vibracionais e viabilizar a abertura de um vórtice.
Em 1973, pela mão de Raul Seixas, esse ícone entrou na cultura brasileira. Visto que, na capa do álbum “Krig-ha, Bandolo!”, o cujo aparece com os braços abertos, como um urso. E na palma da sua mão direita há o desenho de uma versão da Cruz Ansata. Um desenho em traço negro e similar a uma chave. Posto que, se afunilando rumo à base, como a metade de uma seta, para o lado esquerdo, há dois entalhes.
Em 1974, no canto inferior esquerdo da capa do álbum “Gita”, essa perversão da Cruz Ansata foi reapresentada em seu desenho definitivo. Ainda como uma chave. Porém, mais próxima da estética encontrada nos papiros egípcios. E como componente de um selo.
Tal qual se repetiu nas capas dos álbuns “Novo Aeon”, de 1975, e “A Pedra do Gênesis”, de 1988.
Mas por que em um selo?
Bem, o termo “selo” é originário da palavra latina “sigillum”. E é associado com aquilo que é particular. Tanto que no Artigo 5º, inciso XII, da Constituição Brasileira está determinado: “é inviolável o sigilo da correspondência e das comunicações telegráficas, de dados e das comunicações telefônicas, salvo, no último caso, por ordem judicial, nas hipóteses e na forma que a lei estabelecer para fins de investigação criminal ou instrução processual penal”.
Logo, é quando a logomarca de uma determinada representação é disposta em uma chancela. Para que seja pressionada contra uma nódoa de cera recém derretida; discriminando uma epístola, por exemplo.
Como quando Acab, Rei da Samaria, teve o seu intento de possuir as vinhas de Nabot frustrado. E quem realmente comandava a sua casa real, a Rainha Jezabel, tomou o problema a si e, como de costume, ao seu consagrado estilo, o solucionou. Do modo que consta em I Reis 21:8: “Escreveu ela, então, uma carta em nome do Rei, selou-a com o selo real, e mandou-a  aos anciãos e aos notáveis da cidade, concidadãos de Nabot. Eis o que dizia a carta: ‘Promulgai um jejum. Fazei sentar Nabot num lugar de honra e mandai vir diante dele dois homens inescrupulosos que o acusem, dizendo: Este amaldiçoou o Deus e o Rei’. Conduza-o em seguida para fora da cidade e apedrejai-o, até que morra!”
No caso, a representação a ser distinguida é a “Sociedade Alternativa”. Cujo nome é encontrado na parte inferior do círculo do selo. Enquanto, ao centro, dentro de um círculo menor, está o emblema; a, agora, “Chave da Vida”. Com o detalhe de que os entalhes, então, em declive, estão atrelados à base da figura; como um leme. E, no alto, há a palavra latina “Imprimatur”.
“Imprimatur” significa: “imprima-se”. Já que é uma permissão concedida por uma autoridade da Igreja Católica a uma obra que passou por um controle de qualidade eclesiástico. E recebeu o “Nihil Obstat”. Cuja tradução é: “nada se opõe”. Uma aprovação outorgada por um censor que constatou que na obra há a ausência de algo que seja contrário à doutrina cristã, que o Vaticano prega.
Então Raul Seixas parodiou um ícone cristão?
Sim. E o fez no melhor estilo cristão. Primeiro: se aproveitando e apropriando-se de tudo o que dá consistência à religião alheia. Em segundo: execrando as coisas que julgou supérfluas.
Sem mais, a “Chave” tem a função de abrir um portal entre os planos astral e material; religando o universo. Para tal, se valendo da combinação de dois distintos fatores. Que são atados pelo desejo. Um é a “Lei da Correspondência”. E o outro é a “Lei do Mentalismo”.
Sendo que a “Lei do Mentalismo” é o princípio que determina que a existência é um produto do pensamento. Como, no romance “Grande Sertão: Veredas”, de João Guimarães Rosa, pelo jagunço Riobaldo é, com lirismo, explicado: “E Reinaldo, doutras viagens, me deu outros presentes: camisa de riscado fino, lenço e par de meia, essas coisas todas. Seja, o senhor vê: até hoje sou homem tratado. Pessoa limpa, pensa limpo. Eu acho”.
Enquanto a “Lei da Correspondência” é mencionada, de uma forma esclarecedora, na Tábua de Esmeralda, de autoria de Hermes Trimegisto, no seguinte trecho: “É verdadeiro, sem falsidade, certo e verdadeiro que aquilo que está em cima é igual àquilo que está embaixo e que aquilo que está embaixo é igual àquilo que está em cima, para realizar os milagres de uma única coisa”. E citada, de forma velada, em Mateus 6:10: “Venha a nós o Vosso reino / Seja feita a Vossa vontade / Assim na terra como no céu”.
Doravante, Raul Seixas desejava criar uma sociedade anárquica. E a iniciou ao estabelecer como pedra fundamental a criação de uma egrégora. A Sociedade Alternativa. Porém, ela não existiu por um tempo que lhe tornasse viável a materialização. Visto que, em 1989, com o falecimento de Raul Seixas, ela foi relegada ao esquecimento. Só lembrada como uma fantasia. Talvez uma mera utopia. E, o que seria uma Ordem Maçônica Livre e Aceita, se tornou um terreno baldio e acidentado. Delineado por uma cerca de madeira velha e carcomida; representando um resquício do legado de seu idealizador.
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Cruz Ansata



Carta da Sacerdotisa
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Carta do Enforcado
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Selo da Sociedade Alternativa
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Calcinha Grampola