Em Memória dos Heróis da Revolução Constitucionalista de 1932

quinta-feira, 16 de dezembro de 2010

SANGREAL

O que é o Sangreal? Ou o que o Sangreal não é?
A resposta para a segunda indagação está no romance “O Código Da Vinci” – escrito por Dan Brown e publicado em 2003 – ou na sua versão cinematográfica e homônima – dirigida por Ron Howard e veiculada em 2006.
Quanto à primeira pergunta, o “Sangreal”, ou “sangue real”, a priori, é um ritual oriundo da antiguidade. Uma prática religiosa recorrente entre as tribos que se tornariam as nações do ocidente. Na qual, uma menina era escolhida por Sacerdotisas para ser treinada como tal; porém, com a incumbência de se tornar a Virgem Mãe. Virgem Mãe que, aos 16 anos, deveria parir o dono do sangue real. Logo, a decana dentre as Sacerdotisas colhia o esperma dos campeões de sua aldeia – do melhor caçador, do melhor guerreio, do mais sábio, do Rei e por aí ai. Depois, em uma espécie de inseminação artificial, misturava o fluído obtido e o colocava dentro de um chifre. O qual tinha a sua ponta previamente decepada para, como um funil, por uma cavidade, ser introduzido na vagina da adolescente. A fim de que o hímen não fosse rompido. Consequentemente, para o interior da vulva o sêmen era assoprado. E, assim, inda virgem, a garota dava à luz.
Se o rebento fosse menina, a cuja teria a mesma sina da mãe. Agora, se menino fosse, até os 13 anos, ele seria treinado como caçador e guerreiro. Para, então, se juntar a outros colegas de destino. Com o fim de que um deles fosse coroado como Rei. Um Rei Sacrifical. Sem poder político. Para representar o Rei oficial em uma missão. A qual consistia em viver de regalias, até os 33 anos. Idade em que levado era para um culto. Onde ele se entregava à sorte, com a alegria de um viajante de regressa ao lar. Dado que um Sacerdote lhe arrancava o coração de forma indolor. Depois, com o seu sangue enchia um graal. E, seguindo uma ordem hierárquica, o dividia entre os entes da tribo. Um sangue que a realeza bebia puro. E os demais, à medida que se afastavam da condição de nobreza, proporcionalmente, ingeriam-no, diluído em vinho.
Mas por que tudo isso? Primeiro, porque o macho sempre teve a função de ser o mantenedor da tribo. E, tanto na garantia da alimentação como na proteção dos seus, ele colocava a sua vida em jogo. Jogo que o glorificava como o defensor de seu povo. Em segundo, se acreditava na possibilidade de barganhar com a Divindade. E, para tal, uma vida humana era tida como um preço justo. Enfim, em terceiro, unia-se esses dois conceitos. Concedendo, então, ao sacrificado o privilégio de pedir à Divindade para que facultasse a bem-aventurança aos seus. Com boas colheitas, vacas leiteiras e assim por diante. E, também, aproveitar a viagem para aprender tudo o que pudesse. Para, por fim, regressar à tribo. Renascendo em qualquer família. Visto que, se acreditava que todos contraíam um parentesco consanguíneo com ele, em função do sangue ingerido. E, assim, o sacrificado cumpriria a sua missão ao repassar esse conhecimento aos seus convivas.
Contudo, essa prática evoluiu. Dando jus ao provérbio que diz: “Tempo é dinheiro”. Ora que, no sacrifício contemporâneo, o sangue foi substituído pelo único bem que o ser humano realmente tem: o tempo.
Assim, um dízimo diário é dedicado à Divindade. Ao se investir 2 horas e 40 minutos no estudo da Cabala.
Todavia, essa é a concepção moderna do que veio a ser chamado de “Tradição Esotérica Interna Ocidental”. E foi elaborada por William Gordon Gray.
Gray nasceu em Middlesex, na Inglaterra, em 1913. Ainda jovem, ingressou no ocultismo. E, quando servia ao Exército Britânico, se aproveitou de uma viagem ao Egito para se aprofundar no assunto. Em seguida, aprimorou seus conhecimentos ao se tornar membro da Sociedade da Luz Interna. Esta, fundada por Dion Fortune – ex-membro da Golden Dawn.
Contudo, foi na década de 1960 que Gray iniciou a reorganização da “Tradição Esotérica Interna Ocidental”, ao abrir caminho para o que viria a ser denominado de Sociedade Sangreal. A qual adquiriu consistência graças ao desenvolvimento de uma vasta literatura sobre o tema. Que começou, em 1968, quando Gray publicou o livro “Escada de Luzes”. Uma obra aclamada por Israel Regardie – um renomado ocultista e membro da Golden Dawn – como rara e original. Depois, em 1970, ele publicou os livros “Tradições Internas da Magia” e “Rituais Ocultos Sazonais”; em 1971, lançou a obra “Métodos do Ritual Mágico”; em 1974, “A Árvore do Mal”; “O Ritual Correto”, em 1975; em 1976, publicou “Automagia” e “O Rito de Luz: Uma Missa da Tradição dos Mistérios Internos do Ocidente”; “A Árvore que Fala”, em 1977; “Obtenção Completa da Magia: Evocando o Eu Superior”, em 1979; e “Uma Perspectiva do Caminho Interno Ocidental”, em 1980.
No correr do ano de 1980, em parceria com seu discípulo Jacobus G. Swart, em Johanesburgo, na África do Sul, Gray fundou, oficialmente, a Sociedade Sangreal, ao criar o Templo Domine Nos. E deu sequência à sua obra ao estruturar todo funcionamento do Sangreal com a publicação, em 1983, dos livros “Tradição Interna Ocidental (Segmento: Sociedade Sangreal, Volume 1)” e “O Sacramento Sangreal (Segmento: Sociedade Sangreal, Volume 2)”; “Conceitos da Cabala (Segmento: Sociedade Sangreal, Volume 3)”, em 1984; e, em 1986, “Rituais e Cerimônias do Sangreal (Segmento: Sociedade Sangreal, Volume 4)”.
Em 1988, Gray entraria na sua fase literária final ao publicar os livros “O Tarot Sangreal” e “Templo Mágico: Construindo o Templo Pessoal – Portal Para a Tradição Interna (Segmento: Alta Magia da Llewellyn)”; “Bem & Mal: Polaridades do Poder (Segmento: Novo Mundo Mágico da Llewellyn)”, em 1989; “Evocando a Deusa Primordial: O Descobrimento do Eterno Âmago Feminino (Segmento: Novo Mundo Mágico da Llewellyn)”, em 1990; e, por fim, em 1991, lançou as obras “Cultivando a Árvore Interior (Segmento: Novo Mundo Mágico da Llewellyn)” e “A Pedra e o Sabugueiro: Ritual e Inconsciente (Segmento: Novo Mundo Mágico da Llewellyn)”.
Em 1992, William G. Gray faleceu.
Ademais, uma sucessão de “pretensos bem-entendidos” virou um “grande mal-entendido”. Já que, em 1990, quando se aposentou das atividades exotéricas, como cursos e palestras, aos alunos mais próximos – no caso, o sul-africano Jacobus Swart e a norte-americana Marcia L. Pickands – Gray passou a solicitação de que tocassem o trabalho para frente. O que gerou rusgas entre ambos. Ora que cada qual interpretou isso não como o outorgar de uma ordem, mas como o outorgar da Ordem. Algo inviável. Porque o Gray, propositalmente, projetou o Sangreal como um sistema anárquico. Não carecendo de algo além da afinidade e a fidelidade à doutrina para ser seguido. Com cada loja ou adjacente funcionando de forma autônoma. Regida por um “Warden” (um diretor) que zele pelos ensinamentos e nada mais.
Sem mais, ao Brasil, como “Ordem do Sangreal”, a antiga religião chegou, no final da década de 1970. Quando a ocultista Aracy Domingues criou o Grupo Netzach. Posto que, em 1976, ela estivera na Inglaterra. Onde foi aluna de William Gray.
Todavia, o Grupo Netzach funcionou de forma itinerante, até os anos 1980. Quando se estabilizou na Rua João Teodoro, nº 22, conjunto 2, em São Paulo. 
Em 2006, Aracy faleceu.
Contudo, nomeara o Mestre Flávio Gasparino Filho como líder desse segmento do Sangreal.
E, até 2007, no endereço que pertencera ao Grupo Netzach, ele manteve a antiga religião em funcionamento. Com o nome de Loja Prometeu.
Loja Prometeu que, mesmo sem possuir uma sede própria, ainda está na ativa.

Logomarca da Sociedade Sangreal




William Gordon Gray


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